Rubem Valentim
Rubem Valentim (Salvador, Bahia, 1922 – São Paulo, São Paulo, 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. As composições geométricas de Rubem Valentim exploram a variedade da cultura nacional e dão forma a símbolos e emblemas afro-brasileiros.
Inicia seu trabalho nas artes visuais na década de 1940, como autodidata. Desde o início de sua produção, nota-se forte interesse pelas tradições populares do Nordeste, como a cerâmica produzida no Recôncavo Baiano. Entre 1946 e 1947, participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923-2018), Carlos Bastos (1925-2004) e outros artistas.
A partir da década de 1950, toma como referência para seu trabalho o universo religioso, principalmente aquele relacionado ao candomblé e à umbanda, com suas ferramentas de culto, suas estruturas dos altares e seus símbolos de entidades. Os signos e emblemas, originalmente geométricos, são reorganizados por uma geometria ainda mais rigorosa na obra de Valentim, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados, como aponta o historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan (1909-1992). Dessa forma, ele compõe um repertório pessoal que, aliado ao uso criativo da cor, abre-se a várias possibilidades formais.
Forma-se em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1953 e publica artigos e crônicas sobre arte. Entre 1957 e 1963, reside no Rio de Janeiro, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti (1909-1973) no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Em 1962, realiza mostra individual na Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, que lhe garante o prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Além da pintura, no final da década de 1960, passa a realizar murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, mantendo sua poética sempre constante. Com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), reside em Roma entre 1963 e 1966.
Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. No mesmo ano, retorna ao Brasil e transfere-se para Brasília, onde leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Em 1968, período marcado pelo endurecimento da ditadura militar1 brasileira, se afasta da universidade. Em 1969, participa da X Bienal de São Paulo e da I Bienal Internacional de Arte Construtivista em Nuremberg, Alemanha.
Embora dialogue com linguagens artísticas de origem europeia, como o construtivismo e o concretismo, o trabalho de Valentim tem forte ancoragem na realidade nacional. Sobretudo por causa da representação de emblemas e símbolos das religiões afro-brasileiras, constrói imagens que, segundo a professora Angélica Madeira, visam “descolonizar o imaginário”.
Em 1972, realiza um mural de mármore de 120 metros quadrados para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais (1936) elabora, em 1974, o audiovisual A arte de Rubem Valentim. Em 1976, o artista escreve Manifesto ainda que tardio, com alguns comentários sobre sua obra. Nesse texto, manifesta seu empenho de buscar as raízes e a “ressocialização da arte”, garantindo seu pertencimento ao povo. Valentim também expressa a aspiração de que seus trabalhos se integrassem em “espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos”.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresenta o Templo de Oxalá, com relevos e objetos emblemáticos brancos. Pela referência ao universo simbólico, alguns estudiosos aproximam seus trabalhos aos de outros abstratos latino-americanos, como o uruguaio Joaquín Torres-García (1874-1949). Dois anos depois, realiza escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o “Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira”. No mesmo ano, é designado por uma comissão de críticos para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil.
Realiza mostra conjunta com Athos Bulcão (1918-2008) na Galeria Performance, Brasília, em 1986. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA) inaugura no Parque de Esculturas a Sala Especial Rubem Valentim.
Sua obra participa de importantes acervos, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Um painel feito por Valentim está exposto no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A obra de Valentim se dedica à complexidade e à pluralidade da cultura brasileira. Com uso criativo das cores e geometria rigorosa, o artista explora elementos da simbologia de matriz africana.
RUBEM Valentim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8766/rubem-valentim. Acesso em: 28 de abril de 2024. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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